24 de Janeiro de 1960. Início da semana das barricadas em Argel. As razões imediatas invocadas são outras, mas o que os manifestantes argelinos de origem europeia (pieds noirs) reclamam é do progressivo afastamento das intenções do governo francês no suporte a uma solução integracionista para a Argélia. A atitude é considerada por eles uma traição, especialmente depois de eles - pieds noirs - terem contribuído de forma muito significativa para o clima de tensão que esteve por detrás da crise de Maio de 1958, que culminou com a chegada do general de Gaulle ao poder e a fundação da V República. A redacção que é dada aos acontecimentos pelos jornais portugueses é inequívoca na sua parcialidade: repare-se nos títulos acima que os manifestantes são qualificados por «ultras» e que o seu chefe - Joseph Ortiz - nem sequer tem direito a ser nomeado ao lado do nome do general Challe, que representa a autoridade. Mais importante, as notícias daquele dia ainda não davam conta dos custos humanos dos combates travados - a tiro - entre os insurrectos e as forças da ordem nas ruas de Argel: 22 mortos, 14 do lado da polícia e 8 do lado dos manifestantes, para além de 147 feridos. A situação permaneceu tensa por mais uma semana, com insurrectos e forças da ordem, acantonados nas suas posições, até à rendição dos primeiros a 1 de Fevereiro e o exílio dos cabecilhas do movimento. Uma ironia final em toda esta história é que o general Maurice Challe, que acima aparece em destaque na representação da ordem legal em Argel, virá a ser, por sua vez, o cabecilha de uma outra insurreição na Argélia, em 22 de Abril de 1961, o chamado Putsch dos Generais.
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