23 janeiro 2020

«WHERE NO MAN HAS GONE BEFORE!» (Só que «DEEP TREK» em vez de «STAR TREK»)

23 de Janeiro de 1960. O batiscafo Trieste, ao serviço da marinha dos Estados Unidos (em primeiro plano, na fotografia acima), realiza um mergulho que o irá levar até ao fundo da depressão Challenger, no Sul da Fossa das Marianas no Oceano Pacífico (assinalada a vermelho no mapa abaixo). É nessa depressão que se situa o ponto mais baixo de toda a superfície terrestre, o fundo marinho dista cerca de 10.900 metros da superfície do mar. O batiscafo, concebido originalmente por uma equipa dirigida pelo explorador suíço Auguste Piccard, fora construído em Itália em 1953 para a exploração das profundidades abissais. Em 1958, fora comprado pela US Navy com esse mesmo fim (mas com outros meios de financiamento da actividade...), o que o tornara no USS Trieste. É assim que o vemos na foto acima, feita no próprio dia da imersão, acompanhado do destroyer USS Lewis, um veterano da Segunda Guerra Mundial a meses de ser retirado de serviço. Este último era um dos vários navios encarregues de acompanhar com o seu sonar a descida do Trieste. A descida demorou quase cinco horas (4h47). A tripulação, de dois homens, era uma justaposição dos primeiros com os actuais proprietários do Trieste: um oficial norte-americano, o tenente Don Walsh e o oceanógrafo Jacques Piccard, filho de Auguste. Os dois homens estiveram apenas 20 minutos no fundo do oceano, a pressão que incidia sobre o veículo era de 1,25 toneladas por cm², as comunicações com o navio de apoio à superfície tinham um desfasamento de 7 segundos. A viagem de retorno, algo mais rápida, demorou, mesmo assim, 3h15. Foi uma proeza, mas correram um risco enorme. Ao passarem os 9 km de profundidade uma das placas exteriores de uma das vigias rachou-se... Comprova a dimensão do risco (e do susto!) o facto de, nos sessenta anos que se seguiram, mais nenhum submarino tripulado tenha repetido a façanha. Todos os que já voltaram àquelas profundidades foram sempre automáticos. Quanto aos Piccard e à reputação da ousadia das suas explorações, o seu apelido perpetua-se na personagem do capitão Jean-Luc Picard, da saga de Star Trek.

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