Domingo, 17 de Janeiro de 1960, por volta das 10 da manhã. Nas instalações da placa do aeroporto da Portela podia assistir-se à magnificente cerimónia da apresentação de cumprimentos de despedida, com guarda de honra, fanfarra e tudo o resto, ao ministro da Defesa da Alemanha Federal, Franz Josef Strauss (ao centro). O ministro alemão estava a terminar uma visita de sete dias a Portugal, e a importância que o governo português dedicara à sua visita podia ser avaliado pela qualidade das presenças que se haviam disposto a comparecer na cerimónia, mesmo a um Domingo de amanhã. Para além do seu homólogo Júlio Botelho Moniz (ao lado de Strauss, de chapéu e sobretudo), a lista de presenças era vasta, conforme era descrita muito exaustivamente os jornais: almirante Quintanilha Mendonça Dias, ministro da Marinha, almirante Vasco Lopes Alves, ministro do Ultramar, coronel Almeida Fernandes, ministro do Exército, embaixador Marcello Mathias, ministro dos Negócios Estrangeiros, todos acompanhados naturalmente, assim como Botelho Moniz, pelas esposas; coronel Costa Gomes, subsecretário do Exército, tenente-coronel Kaulza de Arriaga, subsecretário da Aeronáutica (e esposa), general Beleza Ferraz, chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, almirante Guerreiro de Brito e generais Luís da Câmara Pina e Costa Macedo, chefes de Estado-Maior respectivamente da Armada, do Exército e da Força Aérea; brigadeiro Albuquerque de Freitas, comandante da 1ª Região Aérea, general Humberto Pais e comodoro Armando Reboredo, respectivamente subchefes do Estado Maior das Forças Aéreas e Naval, generais Matos Maia, Veríssimo e Lopes Pires, subchefes do Estado Maior do Exército, almirante Sousa Uva, secretário-adjunto da Defesa Nacional, almirante Nuno de Brinon, comandante naval do Continente, general Luís Domingues, governador militar de Lisboa, brigadeiro Barbieri Cardoso, 2º comandante do Governo Militar de Lisboa, António Champalimaud, presidente da Siderurgia Nacional, coronéis Alves de Sousa e Silva Ferreira, directores, respectivamente, das Fábricas de Material de Guerra de Braço de Prata e de Munições para Armas Ligeiras, coronéis Santos Paiva, oficial às ordens, e Viana de Lemos, ajudante de campo do ministro alemão, e ainda o comandante Carlos Beja, director do aeroporto. Era assim, com esta pompa, que os embarques (e desembarques) de entidades oficiais se passavam há sessenta anos, mas a composição reforçada do elenco mostra que o governo português tinha um particular interesse nesta visita de Strauss e no estabelecimento de acordos com os alemães, não apenas para a aquisição de material militar actual, mas, sobretudo, para a modernização das indústrias portuguesas de armamento - daí a explicação para a presença inopinada do civil António Champalimaud, enquanto presidente da Siderurgia (produtora de aço!), no meio de todas aquelas patentes militares. A produção nacional da espingarda automática G-3 terá saído um dos acordos firmados por ocasião desta visita.
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