25 outubro 2019

A BATALHA DE QUEMOY

25 de Outubro de 1949. Já aqui se falou como, por estes dias de há setenta anos, as tropas comunistas chinesas estavam a conquistar as últimas cidades costeiras ainda em poder dos nacionalistas. Só que, há setenta anos, por uma vez sofreram uma derrota humilhante quando se tentaram apoderar da ilha de Quemoy (ou Kinmen). Quemoy é uma ilha de 150 km² e de forte densidade populacional (agora tem 127.000 habitantes) situada a uns escassos 7 km das costas da China, embora a 270 km de Taipé (confira-se o mapa acima). A operação anfíbia que as tropas comunistas montaram para conquistar a ilha mostrou imensa displicência porque o que estava a acontecer tradicionalmente eram as unidades nacionalistas renderem-se sem grande resistência. Não foi assim em Quemoy. A guarnição decidiu-se a defender a ilha utilizando com eficácia a superioridade do seu equipamento - nomeadamente carros de combate e peças de artilharia. Os primeiros equilibraram a desproporção de efectivos e as últimas destruíram significativa percentagem de os navios da frota invasora, que era composta por juncos requisitados, impedindo os reforços e isolando os desembarcados. Depois de três dias de combates, os últimos soldados invasores renderam-se. Por uma vez, o número de prisioneiros da notícia que se lê abaixo não está inflacionado para efeitos de propaganda. A batalha de Quemoy foi um feito de armas significativo para aumentar a moral dos nacionalistas chineses; e uma lição para as limitações dos seus adversários comunistas: se aquilo acontecera a 7 km das suas costas, certamente não seria com meios igualmente improvisados que se poderia pensar numa operação anfíbia para a conquista da ilha de Taiwan, onde viria a estar sediado o governo nacionalista. Mas isso não impediria que Quemoy vivesse os vinte anos que se seguiram como se se tratasse de uma fortaleza sitiada. Apesar das diferenças (a ilha chama-se Quemoy num lado e Kingmen (sic) noutro, está a 25 quilómetros a leste de Amoy num, e a sete milhas - mas do mesmo lado! - noutro), estas duas notícias do Diário de Lisboa de 25 e 27 de Outubro, referem-se ao mesmo acontecimento.

1 comentário:

  1. Muito interessante meu caro. Apesar de saber em tracos muito largos o curso da Guerra civil chinesa nunca me havia ocorrido estudar em detalhe como Taiwan assegurou a sua autonomia nos primeiros anos porque presumia saber ja quase tudo o que valia a pena saber. Assim sendo nem sabia que Taiwan administrava alem de alguns calhaus estrategicos no estreito com o continente um territorio tao densamente populado e tao proximo do continente.
    Muito interessante. Obrigado.

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