21 de Junho de 1921. Três meses depois de fundado, o partido comunista português (PCP) já se debatia com aquilo que o linguajar típico do partido posteriormente denominará por «inquietações» a respeito do comportamento a adoptar perante as instituições da democracia burguesa, mormente o parlamento. Na «assembleia geral» que há 100 anos o Diário de Lisboa noticiava, discutia-se a manutenção ou a remoção da palavra «anti-parlamentar» (na notícia não se esclarece de onde), cuja decisão se remetia para um futuro congresso do partido. Congresso esse que só viria a ter lugar dali por dois anos e meio, em Novembro de 1923. Porém, do que dele dá conta a história oficial do PCP, esse assunto - a «táctica parlamentar» - não terá sido, afinal, discutido no congresso. Quanto aos esforços para que o PCP obtivesse então uma representação parlamentar, a mesma história oficial limita-se a um lacónico: «Em 1925 o Partido participa nas eleições parlamentares formando um bloco com as chamadas forças democráticas de esquerda.» Depois disso, com o estabelecimento da Ditadura Militar em 1926 e depois com o regime do Estado Novo, o partido comunista passou a ser um partido proscrito, como todos os outros, à excepção da união nacional. Só voltou a fazer sentido falar da relação dos comunistas com o parlamento depois de 1974. Sobre esse período e ainda sobre esse assunto, já aqui se publicou um pequeno, mas interessante, estudo intitulado: Álvaro Cunhal, o parlamentar. Nessa época não conhecia este pequeno episódio da história inicial do PCP, senão ter-lhe-ia dado o título de Álvaro Cunhal, o anti-parlamentar...
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