Passados um bom punhado de dias depois da bronca da bolha, presenciamos este exercício protagonizado por Mariana Vieira da Silva (mas que foi visivelmente preparado nos bastidores) em que ela «assume totalmente» o que é irrelevante assumir. Compete aos ministros assumir a responsabilidade pelas consequências das suas decisões, e é irrefutável que a decisão de acolher a final da liga dos campeões no Porto, com o inerente cortejo de hooligans a reboque, foi uma decisão péssima. E o que se esperaria, num mundo ideal, seria que alguém responsável admitisse que a tomara e que assumisse a responsabilidade por ter tido essa decisão. Aliás, só quer e pode ser responsabilizado por «erros de comunicação», são os porta-vozes dos ministérios, já que estes apenas tratam da forma e não do conteúdo daquilo que comunicam. Ora aqui, e não vale a pena estar a misturar uma coisa com outra, o que interessará aos portugueses - e o que o governo anda evitar responder há uma semana - é saber quem foram os responsáveis por ter validado a decisão de promover o jogo de futebol no Porto, mesmo correndo os riscos de que a bolha furasse (como furou). Não nos interessa saber se foi ou não bem explicado. Acho que todos percebemos sozinhos, sem ajuda, que presenciámos um fiasco, e os fiascos são como os desastres apanhados pelos vídeos caseiros: dispensam explicações. É por isso desprovido de qualquer valor político que Mariana Vieira da Silva venha agora a assumir totalmente (sic) aquilo que nos é irrelevante, a tal de comunicação defeituosa. A não ser que ela tenha funcionado para esta ocasião como a porta-voz governamental, de uma decisão governamental, circunstância em que aí a teremos de considerar, não como uma ministra que se escusa às responsabilidades, mas como uma ministra seleccionada para servir de escudo às responsabilidades políticas de António Costa.
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