A primeira página da edição de 4 de Junho de 1946 até podia propiciar a ilusão que o Diário de Lisboa era um jornal inglês, tal o destaque dado ao debate parlamentar que naquele dia iria ter lugar na Câmara dos Comuns, como se o mesmo pudesse ser acompanhado em tempo real pelos seus leitores. Em destaque, questionando e liderando a oposição num tema que lhe era particularmente apetecido teríamos Winston Churchill, mas o protagonismo assentava na figura de Ernest Bevin, o ministro dos Negócios Estrangeiros trabalhista, um parlamentar à altura do antigo primeiro ministro conservador. O debate era aguardado com antecipada satisfação mas qualquer dos dois protagonistas não correspondia à imagem idealizada do orador de Westminster. Churchill tinha tido os benefícios de uma educação clássica, escrevia particularmente bem, mas tinha uma péssima dicção; Bevin pelo contrário, aprendera a falar em público como pregador laico, dominava uma audiência como poucos, o problema era a sua escassa formação escolar, que o levava a recorrer a expressões inovadoras e pouco canónicas, fazendo lembrar (com as devidas distâncias...) aquelas expressões que tornaram (ainda mais) famoso Jorge Jesus... Mas porque abundam as biografias de Churchill e são poucas as sobre Bevin (nem uma página a seu respeito na wikipedia em português!) aqui chamo a atenção para uma delas, porque é uma história de vida que vale a pena ser lida em vez de se comprar uma terceira biografia sobre Churchill.
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