A estes artigos não se deve dar demasiada importância, parece que valem imenso no fim de semana em que são publicados, mas depois acabam enterrados nos escaninhos da memória. Contudo, este texto de José Pacheco Pereira publicado ontem mereceu-me o destaque por ser surpreendentemente medíocre. É um texto que, para além de arrogante, demonstra uma inteligência limitada, demonstrativo que, para certas circunstâncias, o estudo não é tudo. Eu explico.
Tomemos o exemplo deste quiz, de que eu gosto muito, porque simbólico, daquilo que, por vezes, se torna necessário para responder com sucesso a um problema. Neste caso concreto, a questão é a de saber qual o número que está escondido por debaixo do carro que está estacionado. Não vou deixar aqui a resposta correcta (vou escondê-la na caixa de comentários deste poste), mas posso adiantar que, para lá chegar, é preciso recuar naquilo que tomamos por convencionado, para procurar uma nova abordagem para o problema. E asseguro-vos que, para obter a resposta certa, não há qualquer estudo que se substitua à inteligência (a não ser a hipótese de já se ter encontrado um quiz semelhante...). Há ocasiões em que o estudo não é tudo... Parece-me ser, mais acima, o problema de José Pacheco Pereira (e da sua geração), que, nunca o tendo permitido nos seus tempos de activo, já não consegue alcançar como reformado (72 anos!) o distanciamento intelectual para aceitar que haja avaliações sectoriais válidas do desempenho do Estado Novo, que não o condenem obrigatoriamente (ao Estado Novo) pelos resultados. Não é questão de estudar, é questão de preconceito, de estar amarrado a uma só formulação do problema. A argumentação de José Pacheco Pereira não apenas não é inteligente; também não trata os que o lêem como tal. Por causa disso, merece esta retribuição.
A resposta certa é 87. Os números são para ser lidos invertidos e estão em sequência (da esquerda para a direita): 86, 87, 88, 89.
ResponderEliminarA solução consiste simplesmente em abandonar a leitura convencional dos números e equacionar a hipótese que eles podem estar invertidos.
A hipótese que aqui se pede a José Pacheco Pereira é que ele equacione a hipótese de que nem tudo o que o Estado Novo realizou estava errado. E que isso possa ser escrito sem que obrigatoriamente acompanhado que o resto que o Estado Novo fez estava errado.
ResponderEliminarEmbora o cerne do "poste" seja o «espartilhamento intelectual» de José Pacheco Pereira e eu houvesse adicionado o quiz apenas como acessório demonstrativo de como, por vezes, é indispensável "afastarmo-nos" do problema para o compreender (e solucionar), houve quem preferisse concentrar-se no acessório:
«Só por curiosidade, envio breve nota sobre este teu artigo no que diz respeito ao quiz nele publicado, porque ao estilo dos nossos antigos “testes psicotécnicos”, os aprecio tentar decifrar e fico “agarrado” a tentar fazê-lo.
Confesso que fiquei surpreendido com a resposta dada por correcta, porque para a encontrar é mesmo «preciso recuar naquilo que tomamos por convencional» e «procurar uma nova abordagem para o problema».
Isto porque a minha resposta foi o 78, obtida por descontar 20 ao primeiro número na sequência do terceiro estar dez abaixo desse primeiro e o quarto vinte abaixo do terceiro (98,78,88,68), ou seja, se o terceiro está dez números abaixo do primeiro e o quarto vinte abaixo deste, então o segundo estaria também vinte abaixo do primeiro.
Fica por isso aqui esta “solução alternativa” e que a meu ver é pertinente, pois só um quinto número na sequência permitiria – na minha modesta opinião – concluir com certeza absoluta se esta está correcta ou incorrecta : na lógica da solução adiantada, esse número seria o 90. Na minha, seria novamente o 78.
Mas como a sequência se esgota em quatro, parece-me assim que seria de admitir que ambas as respostas estão certas porque também esta soluciona o quiz … com «inteligência» e sem «estar amarrado a uma só formulação do problema».»
Eu até aceitaria esta última solução como boa se se tratasse de descobrir o processo de formação de uma qualquer série aritmética. Mas, tratando-se do que se trata, há que arranjar uma explicação plausível para que a numeração dos lugares de estacionamento contíguos de um parque ande «aos saltos» crescentes de dez em dez ou decrescentes de vinte em vinte unidades...