5 de Junho de 2011. Ao proferir o seu discurso de aceitação da derrota eleitoral, o secretário-geral do PS é confrontado com a pergunta da jornalista Susana Martins da Rádio Renascença se o recém derrotado primeiro ministro receava que, com o seu abandono da área do poder, se abrisse «o caminho a novos processos judiciais» ou se acelerassem «processos judiciais em curso». Não se acabou de ouvir a pergunta tal o clamor indignado de vozes na assistência de uma cerimónia que fora coreografada para exibir a pose digna na derrota de alguém (Sócrates) que, por sinal, construíra e mesmo propagara até aí a reputação de não se saber comportar perante as adversidades (o animal feroz). Nunca é demais relembrar e destacar que foi precisa muita coragem à jornalista Susana Martins para ter colocado a José Sócrates aquela questão naquelas circunstâncias, inserida naquele ecosistema. Uma pergunta que, reconheça-se, teria feito saltar a tampa a outras pessoas mais bem comportadas que José Sócrates. Mas a grande virtude destes episódios, quando, como aqui, ficaram registados para a posterioridade e depois os recordamos, é que a historia pode vir a demonstrar que a razão não estava do lado que tinha a claque mais barulhenta. E, a propósito disso, o que eu gostaria de saber é, daqueles do PS que ali ouvimos a fazer barulho, que hoje já estejam dispostos a reconhecer que a pergunta da jornalista Susana Martins afinal teve toda a pertinência.
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