20 junho 2021

O «HAUPTSTADTBESCHLUSS»

20 de Junho de 1991. No Bundestag, que então ainda estava sediado em Bona, teve lugar um prolongado debate a respeito da transferência efectiva das estruturas governamentais de Bona para Berlim. Aquando da reunificação alemã, no ano anterior, ficara explícito que a capital da Alemanha retornaria a Berlim, recuperando o estatuto que adquirira entre 1871 e 1945. O que se discutia há trinta anos era a substancialidade desse estatuto: se isso implicaria a transferência de todos os organismos governamentais, executivos, judiciais e legislativos, ou se alguns permaneceriam em Bona, a cidade que fora escolhida para capital provisória da Alemanha Ocidental em 1949, assim permanecera até 1990 e cuja localização geográfica era vista agora por uma fracção dos alemães como vantajosa, já que Berlim perdera a sua localização central (abaixo), quando a Alemanha perdera os seus territórios de Leste no final da Segunda Guerra Mundial. O debate arrastou-se por mais de dez horas e a tese berlinense veio a  vencer mas por uma pequena margem (338-320 votos), como se pode apreciar no quadro acima. Mais do que isso, e como também se pode perceber por aquele mesmo quadro, a divisão foi transversal aos partidos. A geografia, mais do que a filiação partidária, ajudou mais a compreender o sentido do voto dos deputados, conforme se percebe pelo mapa da direita: a maioria dos deputados eleitos pela antiga Alemanha Ocidental ter-se-á pronunciado a favor da manutenção dos organismos federais em Bona, e foram os deputados eleitos nas regiões da ex-Alemanha Oriental (os ossies) que foram decisivos para a transferência do aparelho governamental para Berlim. Com aquela virtude tipicamente alemã de atribuir um nome interminável (e impronunciável...) a tais eventos, este ficou conhecido por Hauptstadtbeschluss.

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