Domingo, 7 de Junho de 1981. Uma formação de caças F-16 e F-15 israelitas bombardeia e danifica seriamente uma central nuclear iraquiana que ainda estava em fase de acabamento. A central nuclear denominava-se Osirak e estava a ser construída com a tecnologia e a colaboração francesa. Apesar das garantias prestadas pelas duas partes envolvidas (Iraque e França) de que os dois reactores nucleares não iriam ser utilizados - nem teriam capacidade - para a produção de armamento nuclear, os israelitas, cépticos, desencadearam unilateralmente o ataque preventivo. O único aliado circunstancial de Israel neste seu ataque clandestino ao Iraque terá sido - ironia suprema! - o Irão, que estava então envolvido na guerra Irão-Iraque e a quem também interessava descartar a hipótese, ainda que remota, de que o seu inimigo pudesse vir a possuir armas nucleares. Hoje, parece adquirido que essa hipótese era absurda. A paranóia israelita contara muito, mas o que mais terá pesado na decisão israelita terá sido o significado político do gesto, demonstrando aos países árabes vizinhos a que limites Israel estaria disposto a ir para manter a superioridade nuclear na região. Significativamente a operação, que permanecera secreta até à sua execução, foi depois propagandeada em todos os seus detalhes, numa página da wikipedia que lhe é dedicada em exclusivo (abaixo, assinalada a azul a rota dos aviões sobre a Arábia Saudita). A conclusão é que os israelitas são ainda melhores publicistas do que militares. Em contraste, dois meses antes, os iranianos tinham por sua vez também efectuado um muito bem sucedido raid aéreo a longa distancia para bombardearem uma base aérea iraquiana de retaguarda denominada H-3 (assinalado a verde no mapa). A esse raid mal se deu cobertura noticiosa na altura, e ainda hoje vale apenas meia dúzia de linhas nas páginas da wikipedia. E no entanto, do ponto de vista militar, a dos iranianos foi uma operação bem mais complexa e interessante do que aquela que motivou este poste.
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