9 de Junho de 1946. A notícia chegava via Nova Iorque, oriunda de Banguecoque: morrera o rei do Sião. (Benditos aqueles dias em que as regras ainda permitiam que se pudesse escrever Nova York e Bangkok...) O Sião é aquele país asiático que hoje conhecemos por Tailândia. E o que tornava a notícia em... notícia era o facto de que o rei Ananda Mahidol - Rama VIII, segundo denominação oficial - tinha apenas 20 anos e era um rapaz saudável, daí o cepticismo como se acolhia a explicação contida na notícia acima de «que o rei» sucumbira «a um ataque apoplético». Rapidamente se soube que não fora apoplexia, fora uma bala que o atingira na cabeça, no seu quarto de dormir, por volta das 9H20 da manhã. A arma fora um Colt .45. Mas o que não se sabia, nem nunca se veio a esclarecer, foram as circunstâncias precisas em que a morte ocorreu: foi um assassinato, um suicídio ou um acidente? Convém esclarecer o leitor que a história política da Tailândia daquela época está cravejada de atentados palacianos (assunto que poderemos exemplificar num próximo poste). Para benefício de uma das facções políticas tailandeses, e da tese da conspiração que essa facção abraçara, três cortesãos vieram a ser julgados, condenados à morte e executados pelo assassinato do rei. Mas isso só veio a acontecer depois de essa facção ter subido ao poder e as execuções tiveram lugar em 1955, ou seja quase nove anos depois dos acontecimentos. O sucessor foi o irmão mais novo do defunto, Bhumibol Adulyadej, então com 18 anos, que tomou o nome de Rama IX e que virá a ocupar o trono por 70 anos, até à sua morte em 2016. Depois de relembrar o 20º aniversário da execução da família real nepalesa que aqui fiz no princípio deste mês, adiciono-lhe o 75º aniversário de mais um episódio bizarro ocorrido entre as pouco conhecidas monarquias asiáticas, aquelas que não costumam aparecer nas revistas cor-de-rosa.
Sem comentários:
Enviar um comentário