01 junho 2021

O MASSACRE DA FAMÍLIA REAL NEPALESA

1 de Junho de 2001. Esqueça-se lá a execução pelos comunistas do czar e da sua família em 1918, que aquele que terá sido o mais extenso massacre de uma família real nos tempos modernos terá ocorrido há apenas 20 anos e já em pleno século XXI. Aconteceu em Catmandu, capital do Nepal, naquele que era então o palácio real, denominado palácio Narayanhiti (fotografia da época, acima). Era então a residência oficial do rei Birendra de 55 anos, que subira ao trono em 1972. Este massacre da família real nepalesa que teve lugar há precisamente 20 anos reveste-se da originalidade adicional de ter perpetrado pelo príncipe herdeiro da coroa, o príncipe Dipendra, então com 29 anos. O que se sabe seguramente é que, por ocasião de uma festa onde estava presente quase toda a família real e convidados, o regicida a abandonou, muniu-se de duas armas automáticas e regressou, começando a atirar nos seus familiares, a começar pelo próprio pai. No computo final, o príncipe Dipendra matou nove familiares e feriu mais quatro: o pai, a mãe, o irmão, a irmã, dois tios, duas tias e ainda um primo direito; feridos ficaram duas tias, um cunhado e ainda outra prima. Para culminar, o assassino terá tentado suicidar-se com um tiro na têmpora, mas fracassou, permanecendo em coma durante três dias, período durante o qual terá sido, de jure, o rei do Nepal. As investigações sobre o que acontecera deixam mais perguntas que respostas, a começar pelo que motivara a raiva assassina do autor do massacre. E nem se consegue imaginar qual teria sido a ressonância mediática de um episódio destes se tivesse acontecido numa casa real europeia. Para a continuação da história do Nepal esclareça-se que o trono passou para um tio de Dipendra, o rei Gyanendra, que tivera a sorte de não estar presente na fatídica festa (estivera a sua mulher, que fora ferida). Mas a monarquia nepalesa veio a ser abolida em Maio de 2008, na sequência das eleições para a assembleia constituinte nepalesa, em que se registou a vitória do Partido Comunista Nepalês (maoista). Lembro-me que, na época, assinalei aqui no Herdeiro de Aécio que, no seu jornal Avante!, os comunistas portugueses se mostravam excitadíssimos com os acontecimentos no Nepal, mas onde a excitação era bem maior do que o conhecimento da política local, porque a notícia estava cheia de asneiras factuais. Sarcasticamente, daria para rematar que esta família real, ao contrário dos Romanov, já não era preciso massacrar, porque eles já se haviam encarregado disso entre eles...

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