4 de Dezembro de 1980. Acidente de aviação que vítima o primeiro ministro Francisco Sá Carneiro e o ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa. Porque se adivinha que as redes sociais se fartarão de se referir ao assunto, dispenso-me de o desenvolver, prefiro antes falar desta fotografia, da autoria de Rui Ochôa, que ressurge com frequência quando o assunto volta à baila. E se ele tem voltado à baila nestes últimos quarenta anos! Mas, falando da fotografia, ela é mais sugestiva do que demonstrativa do desastre. Nela vemos um pequeno Hillman Imp de 1968 estacionado numa discreta azinhaga, bastante maltratado depois de ter apanhado com um dos hélices do avião em cima. Na azinhaga, a corda onde secava a roupa escapou e, pelo aspecto, será mesmo de nos perguntarmos se ela não terá sido deliberadamente arredada para que a fotografia mostre melhor os estragos. Como é tradicional, há uma ampla assembleia de mirones que os contempla e comenta. Sobre a morte de Sá Carneiro e sobre o que aconteceu depois, gostaria de recordar as comparações que aqui fiz entre o que se comentou depois sobre as circunstâncias do que lhe acontecera e o que aconteceu a outros primeiros-ministros de outras democracias que também morreram misteriosamente em funções, casos do que acontecera ao australiano Harold Holt em Dezembro de 1967 e do que virá a acontecer ao sueco Olof Palme em Fevereiro de 1986. O ar aparvalhado dos mirones parece uma demonstração premonitória do encadeado de inquéritos que se constituirão.
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