Há quem defenda que a explosão das redes sociais veio dar uma machadada extrema no emprego da ironia como forma subtil de humor. Eu creio que, apesar de reconhecer que as redes sociais terem tornado a estupidez muito mais desavergonhada (um estatuto que já era reconhecido à ignorância...), sempre houve uma relação complexa em geral com aqueles formatos mais rebuscados de expressão humorística. No exemplo abaixo, uma passagem do filme «Good Morning, Vietnam» (de 1987, muito antes das redes sociais...), o sargento-major «Dick» Dickerson mostra saber reconhecer o humor quando o contacta, a questão é que me parece que ele não compreenderá para que é que aquilo - o humor - serve. O género compósito de reacções negativas que vi o tweet acima de Rui Rio suscitar nas benditas redes sociais, do lado direito e do lado esquerdo, fez-me mesmo lembrar o sargento-major «Dick» Dickerson. Está ali expresso um comentário completamente desdenhoso para com «a indústria da divulgação das sondagens», que aparecem sempre com o conteúdo conveniente e o timing adequado para uma das partes da contínua contenda política - neste caso, é o governo, que anda manifestamente à toa com aquela história do SEF. Mas, pelo formato e substâncias das críticas, o sarcasmo que o envolve parece estar muito para além da compreensão dos críticos. Por vezes pergunto-me pela sinceridade de como é que os Monty Phyton ou Jacques Tati podem ter tido tanto sucesso...
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