12 dezembro 2020

A REVOLTA DE JACA

12 de Dezembro de 1930. Jaca é uma pequena povoação espanhola da província de Huesca, nas encostas dos Pirenéus, junto à fronteira com a França. Dada a sua localização, ali se construiu uma fortificação militar, cuja guarnição se sublevou há precisamente noventa anos. Como o anunciava o Diário de Lisboa, a revolta tinha «carácter republicano». O pronunciamento militar naquelas remotas paragens e com os efectivos escassos de uma guarnição de uma fortaleza do século XVII, rapidamente caminhou para o fracasso diante da resposta pronta das autoridades da Espanha de Afonso XIII, como se pode ler acima. Num pormenor, aquilo que acima se escreve está incorrecto: os oficiais revoltosos fuzilados não são quatro mas apenas dois e só viriam a sê-lo (fuzilados) no dia seguinte ao da publicação da notícia, depois de um sumaríssimo Conselho de Guerra que demorou pouco mais de meia hora. Politicamente, o fuzilamento dos dois capitães insurrectos (Galán e García Hernández) foi um disparate, de uma crueldade que terá satisfeito os do seu próprio campo mas que, ao mesmo tempo, e para o resto da sociedade espanhola, transmitiu sobretudo uma impressão de enorme fragilidade do regime monárquico diante de uma ameaça militar irrelevante. Os fuzilamentos seriam para intimidar a oposição mas, em vez disso, criaram mártires e entregaram um poderoso argumento moral à oposição republicana. Dali por quatro meses, a monarquia espanhola iria organizar eleições autárquicas, perdê-las e tudo colapsar a partir daí...

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