Na sua edição deste mês, a revista de divulgação científica Science & Vie, publica um artigo colectivo que é muito crítico quanto às metas de redução das emissões futuras de CO² que politicamente têm vindo a ser assumidas. No artigo é mencionada uma resolução aprovada pelo Parlamento Europeu em 6 de Outubro, um compromisso para que aquelas emissões se reduzam em 60% até 2030, daqui por dez anos. Como o demonstra as explicações, o objectivo é «colossal» (como o era o défice de Vítor Gaspar), aqui será precisa, dizem, uma redução média continuada de 6,7% por ano e no artigo chega a perguntar-se se os deputados que aprovaram a resolução terão compreendido todo o significado do compromisso e se estarão dispostos a apoiar todas as medidas draconianas que terão de ser aplicadas para o alcançar. O texto acaba com uma nota irónica, admitindo que os deputados terão embarcado naquele pensamento mágico que imagina que os objectivos se alcançam por si próprios só por terem sido votados...
Mas se é precisa esta explicação prévia, é para que tenha outro impacto esta notícia de hoje, no The Guardian: Boris Johnson, o primeiro ministro britânico, tratado mais familiar e afectivamente por BoJo, por ser um aldrabão daqueles que não conseguimos levar muito a mal, não se fica pelos 60% dos europeus e promete ir «mais longe e mais depressa»: 68% é o que ele promete, numa notícia em que o fazem aparecer (abaixo) ao lado do nonagenário David Attenborough, o senhor planeta (terra, azul, nosso, gelado, etc.). Contudo, se pararmos para pensar, constatamos que o homem - BoJo - ainda não se conseguiu desembaraçar sequer das promessas que as negociações do brexit se resolveriam a contento (ainda hoje, e no mesmo The Guardian, elas são notícia por estarem a correr mal...), mas isso não o desencoraja de todo em continuar a vigarizar quem se disponha a ouvi-lo.
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