Nos Estados Unidos, em dois episódios independentes, dois negros foram assassinados por polícias em dois dias consecutivos, naquilo que não passará, suspeita-se, de episódios infelizmente quotidianos. O que diferencia estes dois episódios de todos aqueles outros que escapam à atenção mediática? É que foram filmados e as imagens popularizaram-se nas redes sociais através de um processo que (ainda) é demasiado espontâneo. Ao terceiro dia, em vez da ressurreição de Cristo, as redacções americanas e do resto do Mundo aparecem inundadas de uma notícia adicional, como se tudo o que aconteceu não passasse de uma guerra simétrica entre a sociedade e as autoridade policiais, onde os polícias conseguem passar abruptamente de algozes a vítimas. Nada na leitura da terceira notícia permite identificar quem são os (vários) franco-atiradores responsáveis pelos cinco assassinatos de polícias e os seis outros feridos, a sua raça, as suas motivações ou intenções que os levaram a conseguir engendrar assim um plano coordenado de um dia para o outro. Adiantará tentar explicar ainda o que me parece ser senso-comum: que o fenómeno de ter cidadãos degenerados a matar polícias não é o simétrico, não neutraliza, nem desculpa o de ter polícias degenerados a matar correntemente cidadãos? Creio que não adianta. Na América, os costumes já degeneraram tanto que o aparelho mediático deu em servir as audiências com os enredos que ele acredita que elas gostam mais. Tanto pior para a Verdade. Tanto pior para a Razoabilidade. Já era assim há 15 anos (acima) e só piorou. Depois do que parece ser uma acção tem que haver uma reacção e o mais rápida possível.
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