Quando eu li Um Milhão de Dólares cada Viet (1965) pela
primeira vez já a Guerra do Vietname terminara. Mas a leitura foi-me mesmo
assim muito útil porque terminara havia muito pouco tempo. As vitórias de
guerrilheiros em guerras subversivas estavam então na ordem do dia. E apesar dos dez/onze
anos entretanto transcorridos, percebia-se o efeito de choque que este livro podia ter tido quando fora originalmente editado. A começar
pelo impacto do primeiro mapa que lá aparece (abaixo) que nos mostra as zonas do
Vietname do Sul então controladas respectivamente pelas forças governamentais e
pelos rebeldes do vietcong. A superioridade destes últimos, naquela versão do
mapa, é ilusória e, pelo menos, controversa, mas constituía uma contradição com o
padrão noticioso de então. Além disso, o livro está profusamente ilustrado com
fotografias de um género muito pouco institucional:
na foto que se exibe mais abaixo, a tinta do capacete do
metralhador norte-americano está a descascar e isso era um pormenor que
qualquer oficial de relações públicas não deixaria escapar. Mas o que retive do
livro e que confirmei com a sua releitura recente foi a parcialidade despeitada
do autor, Jean Lartéguy, num ajustar de contas com um passado que ele acreditava
poder ter sido diferente, tivessem os norte-americanos disposição de defender
os interesses franceses como se fossem os próprios. Depois de descrever o
tremendo potencial de combate dos norte-americanos ao chegarem ao Vietname do
Sul, escreve (p. 84): Mas não posso impedir-me de pensar que com a décima, a
centésima parte de todo este material, se os americanos tivessem então intervindo,
as divisões de Giap teriam sido esmagadas em torno de Dien-Bien-Phu. Isso, dez
anos depois e cinquenta anos depois, comprova-se que não passavam de ilusões...
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