Para uma geração que hoje terá mais de cinquenta anos, era assim que começavam os apelos que, nos intervalos comerciais dos tempos da televisão a preto e branco, dissidiam da tradição do que costumava ser publicitado (detergentes, margarinas, sabonetes e dentífricos, etc.). Seguiam-se os dizeres De casa de seus pais desapareceu, no passado dia..., acompanhados da afixação de uma fotografia tipo passe muito semelhante a esta abaixo, que normalmente não favorecia particularmente o desaparecido sobre o qual se buscavam informações a respeito do paradeiro. Essa foto, pelo aspecto do infeliz, indiciava preemptivamente aquilo que depois vínhamos a confirmar quando a voz em off rematava no final do anúncio, que a pessoa em causa sofria de perturbações mentais.
Pois bem, é a respeito de António Pires de Lima (que terá idade suficiente para se recordar deste género de anúncios televisivos, mas que não creio sofrer de perturbações mentais) que hoje fazemos um apelo semelhante, pois, não tendo desaparecido de casa dos seus pais, terá desaparecido do executivo, logo ele, que se mostrou tão proeminente a dizer coisas a respeito da TAP quando da contestada fase de privatização (abaixo) e que agora deixa sozinho o secretário de Estado Sérgio Monteiro e o seu colega Marques Guedes a descalçar a bota em que o assunto entretanto se tornou. É verdade que aquilo de que o governo fala não resolve o problema de fundo: a falta de credibilidade creditícia dos novos donos da TAP. Mas a presença do ministro da tutela - ainda para mais com um passado tão efusivo - conferiria alguma credibilidade adicional a este encanar a perna à rã. Parafraseando-o numa cena que o popularizou imenso num depois-de-almoço na Assembleia da República, eu só espero que exista uma explicação plausível para o seu desaparecimento...
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