Vai para quase cinquenta anos, a inauguração da ponte
sobre o Tejo era acontecimento suficientemente recente para que o passeio de
Domingo dos avós com o neto incluísse a sua travessia nos dois sentidos, para
ir à outra banda, que fora sítio remoto até então. Ao regresso, a horas do
lusco-fusco, quis o acaso que as luzes se acendessem precisamente na altura em
que o carro passava, coincidência que o avô não quis deixar de aproveitar para
impressionar o neto, em jeito de brincadeira: - Estás a ver? Fui eu que lhes
dei ordens para que acendessem as luzes à nossa passagem. O miúdo, de uns cinco
anos matreiros, assoma do banco de trás (quais cintos de segurança...) e cioso
de uma verdadeira demonstração de autoridade, replica: - Ah é? Então mande-os
lá apagar as luzes outra vez. O avô (que não era o meu...) contava esta
história enternecido pela esperteza do neto. E, se me lembrei hoje desta história já
tão antiga, foi por causa de algumas notícias que li, que dão os mercados a reagirem positivamente depois do anúncio por Cavaco Silva da indigitação de Passos
Coelho. Justamente tão desconfiado quanto o puto, lembrei-me de como seria pertinente mandar o
presidente indigitar hoje mais alguém, só para ver se os mercados e os analistas lhe
obedecem realmente, como insistem em nos fazer crer.
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