23 outubro 2015

NO DIA EM QUE SE PUBLICOU MAIS UM ÁLBUM DE ASTÉRIX E EM QUE CAVACO SILVA DISCURSOU MAIS UMA VEZ

Duas reflexões a propósito de dois acontecimentos de ontem. Em primeiro lugar, a respeito do lançamento do 36º volume das Aventuras de Astérix, para o qual gostaria de manifestar o meu contristamento ao detectar a necessidade de press-releases explicando as piadas subtis. Se os leitores não conseguirem reconhecer a caricatura de Julian Assange então é porque até agora nunca se preocuparam em saber quem ele é (e o que ele fez) e não se vão rir da sua caricatura. A isso chama-se uma piada desperdiçada e as aventuras originais de Astérix tinham-nas, imensas, caricaturas de personagens francesas que não reconhecíamos, caso de Caius Saugrenus acima, descaradamente inspirado naquele que seria o futuro presidente Jacques Chirac (1995-2007) e que aparece na aventura Obélix & Companhia (1976). Ficou-me para mais tarde, para outra maturidade, descobrir de quem se tratava, mas sempre sem ajudas. O que nos leva ao segundo tópico: sou, por aquilo que acima escrevi, de uma geração que se habituou a compreender sozinho aquilo que se passa, incluindo o conteúdo dos discursos presidenciais. Por isso dispenso a romaria de opinadores, politólogos (e o Ricardo Costa...) que normalmente se segue a tais momentos. Mas não vi nenhum deles a ventilar a hipótese que, depois de terminado o mandato presidencial de Cavaco Silva e à semelhança do que aconteceu em França precisamente com Jacques Chirac depois de ele sair da presidência, se torne finalmente oportuno investigar seriamente a pujante valorização das acções da SLN de Cavaco Silva e da sua família. É que depois da prisão de José Sócrates, para que haja moralidade, têm de comer todos...

1 comentário:

  1. Infelizmente já nos habituámos à queda vertiginosa na praça pública de quem perde o poder. Também me parece que o pós-mandato de Cavaco Silva nos pode trazer mais mediatismo justiceiro.

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