Acompanho com cepticismo as negociações entre o PS e os dois partidos à sua esquerda, BE e PCP, para a eventual formação de um governo. Por um lado, só a conjugação simultânea dos três partidos permitirá a constituição de uma maioria parlamentar sólida. Por outro lado, há uma rivalidade incontornável entre as duas formações menores sobre qual delas alcançará de vez a ascendência definitiva sobre a área política da extrema-esquerda. E por último (lado), há toda a filosofia política que distingue o PS das outras formações conjugada com o peso histórico de mais de 70 anos de disputas pela hegemonia da esquerda, por muito que a designação de socialista seja empregue para designar tudo. Exemplarmente, na foto de cima o socialismo de rosto humano de Alexander Dubcek da Checoslováquia (à esquerda) contrasta com o socialismo de rosto desumano de Walter Ulbricht da Alemanha Oriental. Conhece-se o desfecho. Mas também tenho que aceitar que, no campo do manobrismo político, uma intenção – a de António Costa – para ser bem sucedida, tem de ser credível, tanto mais que os primeiros indícios que nos chegam parecem demonstrar que a disposição negocial de Pedro Passos Coelho se assemelha à que José Sócrates mostrou em Outubro de 2009. Nenhuma (até ver). Não me divertindo a complexidade da situação política, diverte-me imenso a atitude nada expectante, antes militante e de esfíncter cerrado, do Observador perante a perspectiva de um governo de esquerda (veja-se abaixo), que aparece acompanhada de um género de argumentação a descarrilar de tão empenhada¹. Percebe-se como, desde Domingo à noite, a atitude dos apoiantes mais entusiasmados do PàF tem vindo a mudar. Será porque estariam a contar com o ovo – e hoje é o Dia Mundial dele – no cu da galinha?...
¹ Pires de Lima – tinha de ser ele! – lembrou-se de construir uma brilhante análise baseada num novo tipo de escrutínio: o negativo – quem é que não votou em quem. Há que preparar a CNE para nos passar a dar os resultados com essa nova forma de contabilizar os votos nas próximas eleições...
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