...o que força os jornalistas a dispersar-se por outros tópicos. E, no caso presente do balão chinês, torna-se ridículo o cuidado posto em não referir as deficiências deste método de espionagem. Porque, em comparação com outros sistemas de observação em altitude, como satélites e aviões espiões, estes balões: 1) têm enormes dificuldades em ser orientados com precisão; 2) tornam-se facilmente referenciáveis do solo, até para pessoas comuns; 3) são extremamente indefesos, como se veio a comprovar. Mas talvez mencionar todas essas deficiências, perturbe a seriedade da ameaça que está a ser invocada pelos Estados Unidos para se indignar com a China. Honestamente, aquilo que me interessa saber em toda esta história é descobrir a verdadeira causa que terá estado por detrás da única consequência do episódio: a desmarcação da viagem a Pequim do secretário de Estado americano Antony Blinken. Porque a espionagem chinesa nos Estados Unidos é algo que se conhece há muito. E, obviamente, os norte-americanos fazem o mesmo aos chineses. Quando algum dos jogadores deste jogo discreto da espionagem denuncia publicamente uma das jogadas de um adversário, é porque tem em vista ganhar alguma coisa. Como aconteceu há dez anos, quando os alemães esperaram uns quatro meses para tornarem público que os seus aliados norte-americanos haviam andado a escutar as conversas do telemóvel da sua chanceler Angela Merkel. Os alemães sacaram o que de mais próximo pode haver de um pedido de desculpas oficial.(Em contraste, Dilma Rousseff do Brasil experimentou fazer a mesma coisa, e apanhou uma grande tampa de Obama) Em suma, o balão parece ter sido pretexto para congelar à última da hora a manobra de reaproximação Estados Unidos/China. Acessoriamente também um entretém para jornalistas discutirem no seu podcast já que a guerra na Ucrânia está chata e, dentro dela, a história do envio dos Leopard-2 já está muito gasta.
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