Ontem houve uma audição parlamentar ao ministro João Gomes Cravinho. Antes dela ocorrer, a oposição tinha plantado uma notícia com a sua versão dos factos no Diário de Notícias. (8 Fevereiro 2023 - 00:15) Depois da audição parlamentar, e para convencer a opinião publicada que a audição correra muito bem, o governo plantou outra notícia com a sua versão no Público. (8 de Fevereiro de 2023, 18:32) No meio das duas notícias, aquilo que é obviamente cilindrado é aquela fábula sobre a independência da comunicação social.
Quanto ao que aconteceu em concreto, a opinião que formei da comparação das duas teses em confronto, é que documentalmente se torna impossível provar que João Gomes Cravinho e o secretário de Estado Jorge Seguro Sanches validaram formalmente o impressionante aumento dos investimentos feitos no hospital militar de Belém. Mas a consequência da aceitação dessa versão apresentada ontem pelo ministro, é que a iniciativa de rebentar com o orçamento terá sido do próprio director-geral Alberto Coelho, alguém com 19 anos de experiência naquele cargo e que deveria conhecer perfeitamente os riscos que correria, e isso porque havia sido subornado pelo empreiteiro e porque estaria convencido que daria a volta de alguma maneira ao ministro. Apesar disso e por ingenuidade, o ministro depois ainda o afastou da direcção-geral dando-lhe uma sinecura. Fosse eu de índole desconfiada e admitiria que haveria aventais envolvidos no assunto...
Aparentemente, o assunto Gomes Cravinho prepara-se para ser encerrado. E é encerrado com aquela associação entre a impossibilidade de provar o que terá acontecido, com a implausibilidade da versão que é a alternativa consequente. É como a história do motorista do Sócrates: ainda hoje estamos para perceber porque é que ele ia buscar dezenas de milhar em notas ao banco, o que até nos parecia legal. (Mas esse já foi a julgamento porque tinha uma pistola) O Sócrates ainda não foi...
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