É compreensível que haja temas a que se dê mais atenção que a outros. Mas não a ponto dessa fixação nos tornar obtusos ao quadro mais geral dos problemas. No caso acima, convém recordar previamente que o propósito global do Serviço Nacional de Saúde é cuidar da saúde dos portugueses. De todos os aspectos da saúde e de todos os portugueses. A questão da IVG é um desses aspectos. Mas, há que admiti-lo, nem sequer será dos mais graves e prioritários, num cenário em que, infelizmente, se tem constatado que o Sistema passa por dificuldades muito mais sérias e graves do que as de «conseguir fazer um aborto legal e gratuito no SNS». Nesse quadro mais geral do problema, quando o SNS se confronta com a recuperação de tudo o que ficou por fazer durante a pandemia (cirurgias, tratamentos, rastreios), esta fixação de algumas opinadoras no caso específico da IVG afigura-se um daqueles caprichos que nada devem às prioridades reais do sistema. Parecem-me aquelas pessoas que, porque têm um martelo na mão, abordam todas as causas que abraçam como se fossem cabeças de prego.
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