06 fevereiro 2023

A ÚLTIMA REMODELAÇÃO MINISTERIAL DE MUSSOLINI ou «A DEMISSÃO DE CIANO»

6 de Fevereiro de 1943. Na Itália em guerra, Benito Mussolini, procede a uma remodelação ministerial em grande. Substitui (quase*) todos os ministros. No fundo, o Duce apreciava estes espectaculares render da guarda, que eram uma oportunidade política para a demonstração do seu poder pessoal quase absoluto no regime fascista. O ministro das Obras Públicas, Giuseppe Gorla, descobriu o que lhe acontecera quando a sua carruagem-salão especial foi desatrelada do comboio de Palermo, a meio da visita que estava a efectuar à Sicília. Mas a cena principal ocorrera no dia anterior, por ocasião da reunião que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Galeazzo Ciano tivera com o Duce (que, por sinal, era seu sogro). Quando este último perguntou ao genro se lhe agradaria ser nomeado governador da Albânia, Ciano, que já anteciparia a demissão depois de quase sete anos no cargo, respondeu que preferiria a embaixada junto do Vaticano, colocação que o faria ficar por Roma. Mussolini começa por concordar, para depois se arrepender, mas quando Ciano já se movimentara para obter o agrément das autoridades pontifícias. Ficou assim, porque reverter a decisão, tornar-se-ia numa desfeita para o Papa Pio XII. Por estes dias de há oitenta anos, mais do que a remodelação governamental em Itália, o que concentrava a atenção dos jornalistas (abaixo) era o significado desta nova colocação do genro do Duce. Se o afastamento de Ciano do Palácio Chigi (o ministério dos Negócios Estrangeiros italiano) satisfazia os aliados alemães, a sua nova colocação no Vaticano, terreno de contactos por excelência inquietava-os e prestava-se a imensas especulações quanto a uma inflexão da política externa italiana.
* Sobreviveu apenas o da Agricultura, Carlo Pareschi.

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