28 de Fevereiro de 2013. Há dez anos, às 20H00 de Roma, o papa Bento XVI renunciava às suas funções. A última vez que algo de semelhante acontecera fora 600 anos antes, em 1415, com o papa Gregório XII. Mas o mais interessante acontecera algumas semanas antes, quando o papa anunciara urbi et orbi a sua intenção de abdicar. Fizera-o a 11 desse mês, por ocasião de uma reunião em que, na agenda, constava apenas que se anunciaria qual a data para a futura cerimónia de canonização dos Mártires de Otranto. E foi nesse momento anódino que, como se observa no vídeo acima, o papa começou a ler uma declaração em latim - que, por acaso, é a língua oficial do Vaticano. O episódio serviu para revelar que entre os poucos jornalistas destacados para a cerimónia não havia nenhum com suficiente domínio dessa língua para acompanhar o discurso em directo. Foi com dificuldade que os jornalistas presentes puderam confirmar posteriormente a bomba que o papa anunciara. Por uma vez, deu para perceber as vantagens de uma sólida formação clássica (incluindo conhecimentos de teologia e latim) para os correspondentes colocados em Roma. Foi uma lição que já deve estar esquecida. Quanto às razões de saúde então também evocadas para a resignação, o tempo encarregou-se de as desmentir. Bento XVI, que faleceu recentemente em 31 de Dezembro de 2022, abdicou porque assim quis.
Sem comentários:
Enviar um comentário