5 de Fevereiro de 2003. Numa extensa apresentação de uma hora e um quarto o secretário de Estado Colin Powell explica as razões por que o seu país considera necessário invadir o Iraque. A ocasião recebeu uma cobertura mediática pouco habitual. Tanto quanto a audiência doméstica (mesmo sendo uma reunião de um organismo internacional, ela tem lugar em Nova Iorque, nos Estados Unidos), terá existido uma preocupação em convencer directamente as opiniões públicas dos países tradicionalmente aliados dos Estados Unidos na Europa, Canadá, Japão, Oceânia e América do Sul. A grande maioria dos governos destes últimos países mostravam-se cépticos sobre as alegações dos norte-americanos e, por isso, reticentes às suas conclusões. Como qualquer espectáculo para massas, a complexidade diplomática da questão iraquiana ficou reduzida a um tópico: a existência de armas de destruição maciça (WMD na sigla em inglês) que, segundo Washington, estariam a ser escondidas pelo regime de Bagdad e que poderiam ser uma ameaça à paz mundial. Esta extensa apresentação de Colin Powell - provavelmente o membro da administração Bush com um maior índice de credibilidade popular - incidiu precisamente na exibição de provas dessa existência. A curto prazo não se mostrou convincente. E a médio prazo, depois da invasão que ocorreu mau grado as reacções, o feito foi desastroso para a credibilidade mediática global dos Estados Unidos, porque não se encontraram quaisquer armas WMD. (Vasco Rato ficou de se despir no Rossio, e ainda não cumpriu a promessa...) Pessoalmente, para Colin Powell, as consequências foram ainda piores, como ele próprio depois reconheceu (abaixo).
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