Luanda, 19 de Fevereiro de 1963. A cidade angolana era palco dos primeiros «exercícios de fogos reais antiaéreos». Dois anos depois de ter sido palco das primeiras acções de subversão por parte dos movimentos nacionalistas, a capital da província ultramarina portuguesa de Angola exibia a sua capacidade de defesa contra um ataque por aeronaves. Como em outros aspectos, estas exibições do dispositivo militar português nas colónias destinavam-se mais a ser consumidas pelas populações locais e pela opinião pública doméstica, do que propriamente como intimidação aos inimigos. Concretamente, e enquanto na Guiné, como aqui já havia explicado, não havia grande utilidade para as fragatas portuguesas combaterem a hipotética marinha do PAIGC ou da FLING, em Angola as hipóteses do MPLA ou da UPA virem a constituir uma hipotética força aérea com capacidade para bombardear Luanda afiguravam-se igualmente remotas...
Uma nota final: aparentemente, nestes exercícios, havia uma extrema - e compreensível - relutância dos pilotos da Força Aérea em colaborarem como «alvos» para a afinação da pontaria dos artilheiros AA. Um elogio será devido, ao fim de todos estes anos, aquele que virá a ser um dos futuros Alto-Comissários em Angola (depois do 25 de Abril), o general Silva Cardoso, que era um bravo.
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