10 fevereiro 2023

O COMEÇO EFECTIVO DA COMUNIDADE EUROPEIA DO CARVÃO E DO AÇO

Quem for ler informação dedicada à formação da Comunidade Económica do Carvão e do Aço (CECA), uma das organizações precursoras da actual União Europeia, encontrará como data de fundação o dia 18 de Abril de 1951, quando foi assinado o Tratado de Paris. Na verdade, o verdadeiro mercado comum do carvão só começou há precisamente 70 anos, em 10 de Fevereiro de 1953, conforme se comprova pela leitura do jornal acima. Ou seja, foi apenas 22 meses depois da tão propagandeada assinatura que se veio a concretizar (apenas) uma parte do que se assinara, a do carvão. Porque, quanto ao aço, houve que esperar mais dois meses: 1 de Maio de 1953. E uma outra mentira que se instalou na narrativa oficial da história dos primórdios da União Europeia é a do grande entusiasmo como este mercado comum da indústria siderúrgica foi acolhido pelos seis países originais. O título das notícias é inequívoco em dar destaque às críticas «em França» e aos «receios franceses».

É o tipo de evocação que, para além da relevância histórica, possui a oportunidade de nos chamar a atenção para a discrepância entre os ritmos dos acontecimentos mediáticos (como o foi a assinatura do Tratado em Paris) e a concretização efectiva daquilo que foi anunciado. Tomemos o exemplo dos 3 MBT Leopard-2 que iremos ceder à Ucrânia em Março, conforme prometido por António Costa, e lembremo-nos do episódio de Outubro passado, quando o anúncio da cedência à Ucrânia dos nossos helicópteros Kamov de combate a incêndios, provocou o ultraje da Rússia(!). É que, da última vez que alguém perguntou pelo paradeiro de tais helicópteros, passadas 13 semanas do oferecimento, ainda cá estavam... Não era preciso ter-se anunciado nada e não era preciso os russos terem-se aborrecido connosco.

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