20 fevereiro 2023

SOBRE O IMPACTO DA ESTUPIDEZ NA DISCUSSÃO POLÍTICA NO SÉCULO XXI

Este é um programa de rádio britânico a respeito do qual, confesso, nem me incomodei a pesquisar grande coisa. Mas tenho a desculpa de que esses esclarecimentos adicionais são dispensáveis tal o impacto do que acontece ao longo destes 18 minutos e meio. Em síntese, o anfitrião do programa (que se chama James O'Brien) está à conversa com um ouvinte (identificado como Andy), a respeito da avaliação que já se pode fazer (três anos depois - 30 de Janeiro de 2020) da saída do Reino Unido da União Europeia. O tema é interessante mas mais interessante é a forma como se processa o debate. O anfitrião tenta repetidamente (e desespera...) que o convidado - um defensor do Brexit - concretize em factos as opiniões que proclama genericamente. É um esforço árduo... e baldado. A maioria dos factos apresentados por Andy, por serem falsos e/ou incoerentes, são contraditados por James O´Brien e as explicações de Andy tornam-se num contínuo saltitar superficial de assunto em assunto, já que as opiniões de Andy, quando James lhe pede sustentação, mostram não ter qualquer consistência. O que Andy se recusa terminantemente a reconhecer é que o Reino Unido piorou com a saída da União Europeia (ao contrário do que fora prometido). O que é óbvio*. E eu lembrei-me das discussões com quem se recusava a reconhecer que Donald Trump era completamente incompetente para ocupar o cargo para o qual fora eleito; ou com quem se recusa a admitir a culpa russa, já que foi a Rússia a desencadear a actual guerra, invadindo a Ucrânia. A divergência de opiniões sempre existiu. Mas este formato estúpido e obtuso, como o de Andy, de não admitir sequer aquilo que é óbvio, no século passado era só característico dos extremos políticos, tanto de comunistas como de fascistas. No século XXI parece estar muito mais disseminado e é isso que propulsiona todo este sucesso de demagogos que se apresentam com soluções simples para problemas complexos.

* Tão óbvio que até Nigel Farage o reconhece. O que Nigel Farage faz é arranjar um outro género de desculpa para explicar o fiasco do Brexit. (que a culpa foi dos primeiro ministros conservadores - May, Johnson, Truss, Sunak - que não o implementaram devidamente...)

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