...assemelha-se muito ao que era ser-se comunista na Europa ocidental de 1989: há (havia) que acreditar numa realidade virtual e acreditar nessa realidade virtual é (era) importante para definir a identidade de quem é (era) republicano (comunista). O que mudou foram as ilusões. Agora há «53% de republicanos que vêem Trump como o verdadeiro presidente dos Estados Unidos» e «59% dos que costumam votar naquele partido dizem que acreditar que Trump venceu a eleição presidencial de 2020 é importante para se ser republicano». Naqueles outros tempos não se faziam sondagens entre os comunistas, mas era patente que uma maioria deles diziam acreditar que a União Soviética era uma sociedade muito mais evoluída do que as da Europa ocidental e era um traço identitário entre os votantes comunistas acreditar que se vivia muito melhor na União Soviética do que por cá. E a analogia conclui-se com a tolerância ao pluralismo de opiniões: «63% dos republicanos consideram que o seu partido não deve apoiar candidatos que critiquem abertamente Trump». Recorde-se que os militantes comunistas que não comungassem daquelas ilusões também acabavam rapidamente marginalizados. Todas estas parvoíces colectivas são (e eram) parvas mas tornam-se importantes por serem colectivas e, como se constata, renovam-se em ciclos, parece que nada se aprende com elas. O que não é muito comum é emparelhá-las, considerado o antagonismo entre os dois conjuntos de parvos.
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