7 de Outubro de 1991. Começando por explicar em que consiste o alvo bombardeado, Banski dvori é um grande edifício histórico no centro de Zagreb, a capital da Croácia. Edificado nos primórdios do século XIX, o edifício fora, de 1809 a 1918, a residência oficial dos vice-reis da Croácia durante os tempos do império Austríaco e Austro-Húngaro. Mesmo depois de a Croácia ter passado a integrar a Jugoslávia, o Banski dvori continuava a ser um dos edifícios simbólicos da identidade nacional croata e, por isso, naqueles tempos atribulados de 1991 que assistiam ao desmembramento da Jugoslávia, foi o local escolhido por Franjo Tudjman para ali se instalar como primeiro presidente da nova República secessionista da Croácia. Quanto à data, 7 de Outubro de 1991 era a véspera do fim do prazo de uma moratória que havia sido negociada diplomaticamente para que se suspendessem as iniciativas para a concretização da independência croata. Franjo Tudjman, o presidente da nova Croácia, encontrava-se no edifício em conversações com o presidente da antiga Jugoslávia, Stjepan Mesić que, por acaso e pela ironia das regras do rotativismo obrigatório dos cargos na Jugoslávia, era também croata. Para os sérvios, defensores da manutenção da federação, e como se diria em linguagem de futebol, o árbitro estava comprado... E terá sido por isso que entre os militares sérvios mais extremistas se lembraram da ideia de promover um raid aéreo selectivo para os liquidar aos dois enquanto estavam em negociações. Quando os quatro aviões atingiram Zagreb, cerca das 3 da tarde, já os dois visados haviam abandonado o edifício há alguns minutos, depois de um almoço de trabalho. O ataque causou um morto e imensos estragos materiais (compare-se a fotografia do pátio interior acima com o esquema do edifício abaixo). O edifício só veio a ser recuperado quatro anos depois. Actualmente constitui a sede do governo croata. A operação foi, para Belgrado, um fiasco militar mas, ao entregar o papel de vítimas a Zagreb diante da comunidade internacional, foi um decisivo desastre político. A Croácia proclamou a sua independência no dia seguinte, com a benção de todas as potências - incluindo uma relutante (e ainda existente) União Soviética, que à última hora havia tentado anular a iniciativa sérvia.
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