20 outubro 2021

ELOGIO - ATRASADO - AO RECÉM FALECIDO ABOLHASSAN BANI-SADR

Embora com semana e meia de atraso, assinale-se aqui o falecimento no exílio, em Paris, de Abolhassam Bani-Sadr, que foi o primeiro presidente da República Islâmica do Irão (Janeiro de 1980- Junho de 1981). Na fotografia acima, desses tempos, numa fase da campanha eleitoral das eleições que ele venceu - à iraniana - com 78% dos votos, Bani-Sadr é, obviamente, o intelectual, o que usa óculos enquanto os outros empunham armas. O que o notabiliza na história do Irão foi o facto de ele ter entrado em conflito com o aiatolá Khomeini, que queria - e conseguiu - fazer dos presidentes iranianos figuras que lhe fossem completamente subordinadas. Embora tivesse sido derrotado politicamente, Bani-Sadr constitui uma daquelas figuras trágicas, mas merecedoras de reconhecimento, já que não se prestaram a ser figurantes de uma encenação com a qual não concordavam. (Por analogia e evocando um caso português, recordo que ouço muito poucos elogios a Luís Campos e Cunha, que deixou a pasta das Finanças quatro meses depois de tomar posse no governo de José Sócrates...) Outra virtude de Bani-Sadr (num aspecto em que já não se pode aplicar, felizmente, a Campos e Cunha...) é que o iraniano morreu aos 88 anos e descalço, no quarto do hospital, um destino que é muito raro entre os opositores do regime dos aiatolás.

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