13 outubro 2021

OS SESSENTA ANOS DA INVENÇÃO DOS «ÖST AMPELMÄNNCHEN»

13 de Outubro de 1961. É o dia em que se considera que foram oficialmente adoptados os ampelmann (diminutivo ampelmännchen) na sinalização para os peões em Berlim Oriental, na antiga República Democrática Alemã (foto acima). Quem se dedicava ao estudo das questões de trânsito no país, considerou que, para além das próprias luzes, vermelha e verde, seria vantajoso adicionar um desenho de um peão avançando ou parado. Mas o que tornou os ampelmann populares até hoje terá sido o design dos bonecos e não o facto da ideia ter sido pioneira - rapidamente copiada de resto nos outros países, mas com bonecos não tão castiços. Para mais, a questão do design colocou aos alemães de Leste problemas que só uma sociedade socialista avançada como a sua poderia conceber.
Um desses problemas era questão de os bonecos terem chapéu, o que, como se sabe, poderia ser considerado um adorno desnecessário, capitalista mesmo. O problema veio a ser ultrapassado quando se produziram fotografias (como esta abaixo) em que os dirigentes Walter Ulbricht e Erich Honecker apareciam de chapéu, o que esclareceu as dúvidas. Outro problema sério que se colocou foi o de saber se o boneco em movimento se apresentaria a caminhar da esquerda para a direita, acompanhando o sentido natural da leitura, ou se, pelo contrário, e porque a República Democrática Alemã se assumia como uma sociedade socialista a caminho do comunismo, o boneco devia caminhar da direita para a esquerda. Apesar do desenho acima ser o mais lógico, foi a versão ideologicamente mais pura que prevaleceu... o boneco ia da direita para a esquerda.
Descontando a ironia dos comentários às questões da concepção, os bonequitos dos ampelmännchen tornaram-se um dos pormenores identificativos da sociedade leste-alemã, um dos poucos aspectos em que ela se mostrava mais rica e interessante do que a ocidental. E talvez por isso os bonequitos tenham vindo a tornar-se, depois do desaparecimento do país, a mascote da «ostalgie», uma nostalgia - estranhamente material, já que muitas vezes se expressa pela aquisição de gadgets - por aquela sociedade que terminou com a queda do muro de Berlim em 1989.

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