Ao ouvir ontem o programa de discussão política Bloco Central, fui confrontado, logo ao início (aos 2:09, para ser preciso), com o conceito, apresentado por Pedro Marques Lopes (acima, à esquerda, a rir), de uma «vitória pirrónica», quando descreveu o resultado do PSD nas recentes eleições autárquicas. Confesso ter ficado completamente na dúvida sobre o que Marques Lopes quereria dizer com aquele adjectivo assaz rebuscado. Estar-se-ia ele a referir a «vitória pírrica» (vitória extremamente difícil que deixa o vencedor em piores condições que o vencido) e, porque o protagonista da expressão se chamava Pirro, rei do Épiro, a coisa ter-lhe-á saído mal? Ou teria ele empregue deliberadamente e com consciência o adjectivo pirrónico, esse sim, derivado de Pirro de Elis, um percursor dos filósofos cépticos, que viveu nos séculos IV e III a.C? Mas, a ser assim, em que consistirá, de acordo com Pedro Marques Lopes, a vitória céptica do PSD? Uma última hipótese que coloquei, muito mais actualizada, é que o adjectivo pirrónico não tenha nada a ver com o mundo helenístico, e que o comentador pretendesse referir-se ao condutor de fórmula 1 Didier Pironi (também já falecido), por alguma analogia que eu desconheço com as suas vitórias (3) em grandes prémios daquela modalidade... Considerando a prodigiosa cultura de que Pedro Marques Lopes tem dado mostras, cultura que o tem, de resto, ajudado a perpetuar-se pelo mérito no espaço de comentário da comunicação social portuguesa, não sei qual destas hipóteses fará mais sentido.
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