13 de Outubro de 1981. Numa pequena notícia local, pode saber-se da decisão de um recluso da cadeia de Custóias, que decidira pôr termo à greve da fome que iniciara dez dias antes. Com 21 anos e trolha de profissão - que complementava com uns assaltos a automóveis que o haviam levado até Custóias - depreende-se que Domingos dos Santos Costa também seria um jovem atento às novidades. E entre essas novidades contavam-se as greves da fome que os presos do PRP-BR haviam desencadeado naquele Verão na mesma prisão de Custóias onde ele estava (abaixo), e que, muito agitadas por parte da comunicação social de então, pretendiam fazê-los sair - aos do PRP - da prisão. E terá sido assim que Domingos se terá deitado a pensar que também era filho de Deus e que não perderia nada em fazer a sua greve de fome. A diferença - que o Domingos não antecipou - está na máquina de propaganda que se mobiliza para promover essas iniciativas. Assim, enquanto as faltas de apetite de Carlos Antunes eram o ai jesus! que a notícia abaixo documenta (publicada a 23 de Junho), as mesmas faltas de apetite do trolha Domingos Costa são tratadas com a condescendência sobranceira que a notícia de há quarenta anos mostra. Diz um ditado popular que o pão do pobre quando cai, cai com o lado da manteiga para baixo. Este exemplo mostra que até na ausência voluntária do pão, o pobre é distratado. Vê-los, aos do PRP, a assumirem-se por vanguardas da classe operária só mesmo por piada.
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