Durante a noite de 2 para 3 de Outubro de 1941 as sete sinagogas de Paris foram objecto de atentados bombistas. Como assinala a notícia acima, numa das sinagogas a bomba não chegou a explodir. O que torna esta notícia mais interessante do que uma outra notícia normal sobre atentados são as conclusões a que chegará o inquérito da polícia de Paris. O mandante dos atentados fora o comandante das SS em Paris, Helmut Knochen. Os executantes haviam sido franceses, membros de um grupúsculo terrorista de extrema direita denominado Movimento Social Revolucionário, que se constituíra um ano antes, já depois da derrota francesa. Tratava-se de terrorismo de Estado. Claro que a polícia acabou por não prender ninguém. E também se terão perdido as condenações formais (e informais) a atentados contra locais de culto. Hoje torna-se interessante ler a passagem do relatório policial onde se analisa a reacção da população parisiense aos atentados: «Os parisienses em geral não gostam dos judeus, embora os tolerem. Os comerciantes, sobretudo, querem-se livrar dos israelitas, porque lhes fazem concorrência. Na verdade, as severas medidas adoptadas contra os judeus pelas autoridades alemãs e pelo governo francês (de Vichy) não suscitaram grandes protestos da massa da população, mas muitas pessoas acham excessivo o violento anti-semitismo expresso pela imprensa parisiense. A opinião de muitas pessoas - principalmente entre os círculos católicos - é que esses perseguidores dos judeus generalizam demais a sua mensagem e que as consequências de tal anti-semitismo induz a consequências lamentáveis. Assim, o anúncio dos ataques cometidos ontem contra as sinagogas não terá causado surpresa nem emoção entre as pessoas. “Estava para acontecer”, ouve-se, com um certo tom de indiferença».
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