15 de Fevereiro de 1961. As palavras em título só virão a ser pronunciadas no dia seguinte à frente das câmaras de televisão por um Salazar visivelmente incomodado com a manifestação espontânea que fora acolher a chegada do paquete Santa Maria ao cais de Alcântara. O presidente do Conselho gostava de falar diante de assembleias seleccionadas, proferindo discursos cuidadosamente redigidos de antemão, com pausas antecipadas para os «apoiados» e as palmas da praxe. A chegada do Santa Maria a Lisboa, depois do que acontecera no Brasil, não teve nada disso: uma multidão, muita emoção e muitos lenços brancos e uma coreografia cerimonial a fugir frequentemente ao guião, a pedirem a Salazar um discurso que ele não preparara (pena que essas imagens não estejam disponíveis). Mas o que me interessa neste poste é evocar como é que a multidão aparecera no cais de Alcântara. No jornal do dia anterior, há 60 anos exactamente, podemos encontrar este anúncio, em que a gerência de A Mariazinha publicitava que dará folga da parte da tarde do dia seguinte ao seu pessoal para que este pudesse assistir à chegada do navio. Como creio que a esmagadora maioria dos leitores desconhecerá o que era A Mariazinha, Cafés e Chás, Rua Barros Queirós 26 e 28, sugiro-lhes a consulta de uma entrada sobre aquele estabelecimento comercial publicada no blogue Garfadas on-line. Aquela explicação incide mais - e bem - sobre os artigos de mercearia daquele estabelecimento histórico, mas eu acrescentaria a propósito uma pequena adenda sobre as simpatias políticas do seu proprietário e gerente, como abaixo se comprova, por este outro anúncio publicitário.
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