26 fevereiro 2021

O «PARAÍSO» SUÍÇO

26 de Fevereiro de 1946. Em mais uma notícia oriunda de Londres, e depois de uma outra notícia dois dias antes a respeito da Dinamarca (onde se comia pantagruelicamente e em conta), as invejas britânicas dirigem-se agora para terras da Confederação Helvética, outro país também poupado às devastações da Segunda Guerra Mundial devido à sua neutralidade. Segundo o que se podia ler, a Suíça «regressava à normalidade» e «materialmente, o país» apresentava-se «intacto e próspero». Talvez se possa criticar o autor da notícia por um certo excesso de entusiasmo quanto à definição de «prosperidade», uma vez que ele próprio, um pouco mais à frente no texto, se encarregava de esclarecer o leitor que se encontravam «ainda racionados o pão, a carne, o chocolate, o leite, o açúcar, o queijo, a manteiga, os óleos e as gorduras, incluindo o sabão.» E como «os preços (eram) o dobro de antes da guerra» - e os salários certamente não deviam ter aumentado na mesma proporção nesse mesmo período - os suíços em geral talvez não analisassem a situação com as mesmas cores róseas que eram empregues neste artigo por Boris Kidel, o correspondente da Reuters em Berna que assina a notícia. Mas, para os britânicos, a Suíça representaria outro «paraíso», depois do da Dinamarca. Parecia época em que os britânicos estavam com uma pulsão para ter inveja de outros povos mais poupados à guerra do que eles o haviam sido. Se fossemos nós, diríamos que estavam numa fase em consideravam que a galinha da vizinha é sempre melhor que a minha.

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