Em destaque, na edição de hoje do Diário de Notícias, o cabeçalho que constata que houve 3000 VIDAS POUPADAS. Porque o «CONFINAMENTO RESULTOU». O desenvolvimento é remetido para as páginas interiores do jornal. E aí, nas páginas interiores, quanto menor o tamanho da letra, menos a notícia é concordante com o que se apregoara à descarada na frontaria. Em primeiro lugar porque as vidas «poupadas» ainda não se pouparam todas, ir-se-ão poupar «até Março». E em segundo lugar porque «a poupança» resulta da diferença entre o que «apontavam» as «estimativas» e o que apontam agora outras «estimativas». A primeira hipótese científica para a explicação da diferença é que as primeiras «estimativas» pecariam por pessimismo excessivo (afinal, os modelos de previsão são apenas isso mesmo: modelos... que têm ou não aderência à realidade) e, só depois de descartada essa explicação mais evidente, é que se pode aventar a hipótese de que «o confinamento resultou». A ciência tem métodos. Os recados políticos plantados não tem métodos. E esta história dos 3000 poupados é um desses recados e é uma aldrabice. Por falar em aldrabice: deixo uma nota adicional para a notícia que aparece imediatamente abaixo, citando comentários do cherne Barroso: vê-lo ali a falar de solidariedade, ele que se pôs a andar a meio de um mandato governamental, esquecendo o compromisso para com os portugueses, é denunciável. A causa é boa, ele é que não presta.
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