22 de Fevereiro de 1946 é a data do Long Telegram, que os americanos tornaram num dos marcos da Guerra Fria. Enviado desde Moscovo por George Kennan, um diplomata de carreira do Departamento de Estado, o telegrama continha uma análise da situação das relações entre os Estados Unidos e a União Soviética menos de um ano depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Nesses nove meses (seis se incluirmos a guerra contra o Japão), a harmonia forjada e forçada pela aliança contra o inimigo comum deteriorara-se, e acumulavam-se os indícios disso - como o discurso de Stalin por ocasião das eleições soviéticas do princípio daquele mês. Embora também fosse patente que o comportamento dos americanos se tornara muito mais arrogante logo que alcançada a vitória. Queriam impôr a sua ordem internacional e não estavam a pedir a opinião de mais ninguém, nem mesmo a dos seus maiores aliados, com quem aparecia em pé de igualdade nas fotografias. Na origem o telegrama era um documento interno, mas que acabou conhecido em 1947 com a sua publicação sob a capa de um pseudónimo na revista da especialidade Foreign Affairs. Lido e devidamente interpretado o telegrama não contém os fundamentos daquilo que lhe vieram a atribuir. Sobre isto, uma opinião concordante importantíssima era a do próprio George Kennan... Mas a Guerra Fria criara uma dinâmica muito própria e nela, este telegrama é, mais do que o fundamento que dele quiseram fazer, apenas um adereço explicativo.
Boa tarde,
ResponderEliminarRaramente comento os blogues que sigo,mas hoje não resisto.
Pesquise sobre o recente Longer Telegram publicado na Atlantic,agora sobre a China.
JMM
Obrigado pela sugestão.
ResponderEliminarAqui fica o endereço para quem estiver interessado.
https://www.atlanticcouncil.org/wp-content/uploads/2021/01/The-Longer-Telegram-Toward-A-New-American-China-Strategy.pdf
E contudo, por causa de telegramas longos e de telegramas ainda mais longos, não deixei de associar que o poste que publiquei imediatamente anterior a este era sobre o "sebastianismo" em que alertava para a nossa propensão congénita de reencenar as mesmas histórias, à espera de desfechos idênticos. Em vão.