Uma certa notoriedade diferente do tema abaixo do Benfica, não nos esqueçamos, começou com as presenças do primeiro-ministro e do presidente da Camâra de Lisboa na Comissão de Honra da recandidatura do presidente do Sport Lisboa e Benfica. É isso que confere um cunho mais interessante a toda esta chachada de Luís Filipe Vieira, que se emociona quando agora promete candidatar-se pela última vez... Portugal é um país que está cheio de gajos que se candidatam pela última vez: de Pinto da Costa a Mário Nogueira. E depois sucedem-se as últimas vezes. Últimas vezes dessas há muitas. O que há falta é de jornalistas que cubram estes anúncios da última vez como merecem - como episódios burlescos, por não poderem ser levados a sério. Este, que destaquei para ilustrar o calibre das promessas de Luís Filipe Vieira, é apenas um com mais qualidade de uma verdadeira enciclopédia deles, com mais entradas que a wikipedia. Assim, em Junho de 2005, Luís Filipe Vieira estabelecia como objectivo atingir os 300.000 sócios benfiquistas; tal era o dramatismo, que ameaçava mesmo demitir-se caso esse objectivo não fosse atingido. Depois, claro, nem Vieira se demitiu, nem nunca mais se voltou a falar do assunto. Mais de uma década passada, e Luís Filipe Vieira continuou e continuou e continuou a dirigir o clube, e porque o Benfica se quis financiar em bolsa, teve que saber-se uma referência oficial do número de sócios do Benfica: o número, publicado em letras muito pequeninas no mesmo jornal (184.264) que outrora anunciara os rotundos e redondos 300.000 sócios, era inferior em 38% aos números proclamados em 2005 ...e esquecidos em 2017. Portanto, deixe-se de levar a sério a promessa solene de que se trata do último mandato de Luís Filipe Vieira. Mesmo que entretanto algo lhe aconteça, sempre há a hipótese de o empalhar e reelegê-lo empalhado. Como já se tornou tradição no futebol profissional português, no Futebol Clube do Porto está-se (sempre) muito mais avançado do que no Benfica, e há quem já tenha previsto essa contingência quando ocorrer a morte de Jorge Nuno Pinto da Costa.
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