28 de Outubro de 1970. No Camboja, os guerrilheiros rebeldes, conhecidos por Khmers Vermelhos, capturam e executam de imediato um fotojornalista japonês chamado Kyoichi Sawada (1936-1970). O fotojornalista era um veterano das guerras na Indochina e fora duas vezes premiado (em 1965 e 1966) por fotografias que fizera acompanhando a guerra no Vietname (acima, vêmo-lo junto a uma dessas fotos premiadas). Ser-se fotojornalista a acompanhar conflitos deste género é uma actividade cheia de riscos: as mortes naquelas paragens de Robert Capa (1913-1954), Dickey Chapelle (1918-1965) ou Henri Huet (1927-1971) são a prova disso. Mas, para os mais atentos, havia uma diferença subtil entre o que acontecera a Sawada e o que acontecera (ou viria a acontecer) aos outros três, aqui apontados apenas como exemplo. Estes últimos haviam morrido acidentalmente, por pisarem minas, detonarem armadilhas ou então em consequência dos aparelhos onde viajavam terem sido abatidos. Sawada aproximou-se de uma zona de combate, foi capturado e sumariamente executado, sem que parecesse ter havido qualquer intervenção hierárquica dentro dos Khmers Vermelhos que se preocupasse com o valor propagandístico de Sawada depois de aprisionado. Era um comportamento que distinguia os rebeldes cambojanos dos rebeldes vietnamitas do Vietcong. Ao contrário destes, aqueles eram uns selvagens, sem qualquer cuidado com os rudimentos da gramática política da guerra, selvajaria que se concretizaria aliás depois no genocídio que teve lugar no Camboja a partir de 1975...
Um mártir da fotografia.
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