12 outubro 2020

O ATENTADO CONTRA O USS COLE

12 de Outubro de 2000. Um navio de guerra norte-americano, o destróier USS Cole, é atacado por um comando suicida embarcado, que se fez detonar junto ao navio, quando este fazia uma escala técnica no porto iemenita de Áden. A explosão provocou 17 mortos e 39 feridos numa guarnição (teórica) de 338. Claro que a operação se revestiu de muito mais impacto do ponto de vista político do que do militar: o inimigo que reivindicava o atentado era a al-Qaeda, um grupo terrorista islâmico internacional pouco conhecido e que só viria a ter o seu grande momento de glória dali por quase um ano. Em contrapartida, e do ponto de vista naval, os Estados Unidos tinham e planeavam vir a construir 88 navios idênticos ao USS Cole (a classe Arleigh Burke). O atentado representaria um destróier a menos, e nem isso, que os estragos se mostravam reparáveis. A supremacia naval americana não é beliscada pelo atentado, mas as imagens que correm o mundo com o buraco de mais de dez metros de diâmetro a bombordo afectam a imagem do seu poder, a ponto de terem sido dadas instruções para que o local do impacto fosse coberto (acima e abaixo). Este é um dos vários problemas destes conflitos de baixa intensidade e assimétricos.
Outro dos problemas é que, nestas circunstâncias e quando a necessidade aperta, a esmagadora maioria dos países são aliados dos Estados Unidos, mas os militares dos Estados Unidos sabem que há «uns que são mais aliados do que os outros». No caso concreto destes acontecimentos do USS Cole, e por muito amigos que fossem iemenitas e sauditas, o primeiro navio aliado a prestar assistência foi a fragata britânica HMS Marlborough e os americanos preferiram evacuar e tratar os feridos recorrendo aos meios que as forças armadas francesas estacionadas no vizinho Djibuti colocaram ao seu dispor. O atentado cumpriu o seu ciclo noticioso, acompanhado das previsíveis críticas à administração Clinton e apelos para uma retaliação - com que formato concreto? Quando essa retaliação teve lugar, e um drone da CIA liquidou com um missil alguém que se suspeitava ter sido o mentor do ataque, passados mais de dois anos (Novembro de 2002), já o assunto passara de moda, submerso pelos acontecimentos de 11 de Setembro de 2001. Transportado desde o Iémen até aos Estados Unidos num navio apropriado para o efeito (abaixo), o USS Cole esteve catorze meses em reparação até regressar ao serviço.

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