13 de Outubro de 1970, terça-feira. Uma das páginas interiores do inevitável Diário de Lisboa anuncia a estreia no cinema Monumental de um filme que, apesar de banal, se irá consagrar por ser o percursor de um género muito popular ao longo da década que então começava: o filme catástrofe, neste caso, a catástrofe aeronáutica. Este ainda só se chama aeroporto, mas irá ser seguido pelos aeroportos 75, 77, 80,... O estilo é sempre o mesmo: um grandioso elenco de actores (note-se a coluna à direita do anúncio acima), um prolongado preâmbulo apresentando todas as personagens, uma viagem de avião que começa normal, até tudo se complicar, para se resolver no fim pelo melhor. O melhor filme desta série acabará por ser, ironicamente, uma paródia a eles denominada aeroplano!.
Na mesma página, do lado direito, assinalada a laranja, um outro fenómeno, este musical, também ele destinado a vingar naquela década de setenta, mas noutras paragens culturais: os cantautores espanhóis. Em Portugal já se haviam consagrado a excelência dos baladeiros por via do programa televisivo Zip-Zip, que depois se virão a consagrar como cantores de intervenção depois do 25 de Abril. Em Espanha ocorria um fenómeno semelhante, aprecie-se abaixo o video original de apresentação dos Aguaviva, o mesmo conjunto que é promovido naquela página para duas aparições no teatro Villaret, depois de uma aparição da TV portuguesa, precisamente no programa que sucedera ao Zip-Zip. Este último vídeo o tempo tornou um bocadinho datado, um eufemismo para insuportavelmente foleiro.
Lembro-me de ouvir este disco nas longas viagens de carro, muitos anos depois de 1970.
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