08 outubro 2020

AS NOTÍCIAS TAMBÉM NÃO SE MEDEM AOS PALMOS

Como acima podemos apreciar, uma página bem interior (18) da edição de há cinquenta anos do Diário de Lisboa contêm uma pequena notícia. Pequena, mas daquelas que os acontecimentos posteriores vêm a revelar proféticas, comprovando que, muito de quando em vez, as especulações jornalísticas estão bem fundadas. No caso concreto, a notícia é oriunda do Vaticano, onde o observador permanente daquele país na ONU, monsenhor Alberto Giovannetti, tinha cometido a inconfidência, diante de alguns jornalistas, que ele considerava que a República Popular da China estaria em condições de vir a ser admitida naquela organização dali por um ano. A admissão da China àquela organização era uma questão que se arrastava há vinte anos, depois da vitória dos comunistas na Guerra Civil. Tornara-se uma questão recorrente que quase todos os anos se repetia: a China apresentava a sua candidatura à ONU e a mesma era rejeitada pelos votos da sua assembleia geral. E contudo, algo alertara monsenhor Giovannetti para que, nas sessões da ONU do próximo ano algo iria mudar... Como mudou mesmo! O cabeçalho de baixo é o do mesmo Diário de Lisboa do dia 26 de Outubro de 1971, confirmando a pergunta que a pequena notícia de jornal formulara um ano antes: a China entrara para a ONU em 1971. Até se pode ser tolerante para com a profecia de monsenhor Giovannetti que, para falar verdade, se enganou num pormenor: a admissão teve lugar em Outubro e não em Novembro de 1971 como ele vaticinara...

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