Começo por deixar bem claro que esta minha associação fotográfica de Maria Luís Albuquerque com Joaquim Pina Moura não é daquelas destinadas a branquear a primeira contrapondo o exemplo do outro. É evidente que Maria Luís Albuquerque não devia ter aceite o convite que lhe fizeram e, para quem já não se lembre, Pina Moura foi o ministro da Economia e depois das Finanças dos governos de Guterres que foi ganhar umas massas para a Iberdrola após cumprir canonicamente o período de nojo a que a Lei o obrigava. Não houve notícias que o tivessem votado ao ostracismo, que houvesse quem tivesse rompido socialmente com ele, talvez o contrário. Ilustra-nos sobre o que pode ser a evolução da questão do momento, o cargo de Maria Luís Albuquerque, também ex-ministra das Finanças, e sobre a exuberância das indignações manifestadas pelas redes sociais com a atitude da ex-ministra de Passos Coelho vindas de um lado do espectro político, tão significativas quanto o significativo recato silencioso vindo do outro lado, e a minha pergunta é se o comportamento público seria o mesmo ou, pelo menos, protagonizado pelos mesmos, se a figura em causa neste momento pertencesse ao lado inverso do espectro político? Tenho a certeza quase absoluta que não. É que nestes casos nada me afasta da constatação de os ver discutidos como se se tratassem de casos de arbitragem de um jogo de futebol: as regras do jogo variam conforme o local do campo onde se desenrolou a jogada. Como sociedade, enquanto houver esta percepção generalizada de que uma grande maioria das opiniões que se exprimem dependem das circunstâncias e não dos princípios, não há ética que nos valha.
Não sendo decalcáveis, como muito dificilmente poderia acontecer, são ambas atitudes absolutamente condenáveis que, infelizmente, se sucedem umas às outras a um ritmo infernal e inadmissível. A única observação que faço é a de que me parece não ter sido dada a esta última menos destaque (antes pelo contrário) ou ter sido descrita ou encarada com menor desconforto e azedume. Mas, sim, invariavelmente, a discussão assume-se e faz-se demasiadamente em função de critérios clubísticos, como se se tratasse de meros fait-divers futebolísticos.
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