A RENOVAÇÃO DA CLASSE POLÍTICA

Em Janeiro de 2006 Joaquim Pina Moura pronunciou uma das frases que, de tão célebre, irá ser lembrada quando da queda do actual regime, a sua concepção de que a ética da república é a ética da lei. Ou seja, em política como em qualquer outra actividade, cada qual desenrasca-se como pode. Já não sei se a Comissão Parlamentar de Ética de então chegou a ser convocada para apreciar a controversa acumulação de cargos do deputado Pina Moura. Creio que sim. O que sei é que daquilo que pensaria concretamente sobre o assunto o presidente da referida comissão parlamentar (o deputado José de Matos Correia) não reza a história... até dez anos se terem passado, quando nos apareceu o dito, agora na qualidade de vice-presidente do PSD, esclarecendo-nos, com atraso mas ainda em concordância com Pina Moura, que, a propósito do caso de Maria Luís Albuquerque, em democracia não pode haver juízos morais e que apenas interessa o cumprimento da lei. Ainda bem que o disse: mais vale tarde que nunca. É sempre reconfortante apercebermo-nos, quando do campo dos princípios, porque antipatizamos com certos figurões da política portuguesa.